Chiyo Uno (1897-1996), não frequentaria, com toda a certeza, uma escola para noivas tradicionais como a do vídeo abaixo. Na verdade, não foram só os seus livros, o design de kimonos, ou o facto de ter publicado a primeira revista de moda no Japão em 1936 (Sutairo ou Style), que a tornaram famosa, mas também a sua aura de "femme fatale".
Chiyo era descrita como "a mulher frequentemente apaixonada". Casou várias vezes e pelo meio foi tendo diferentes casos amorosos. Decidida a ser uma "mo-ga", rapariga moderna, e a não se confinar ao papel de esposa e mãe, percorreu um caminho livre de convenções, que terá influenciado muitas outras mulheres Japonesas. O seu best-seller "Confessions of Love", foi escrito durante a sua relação com o artista Seiji Togo, que decidiu entrevistar, logo após a sua tentativa frustrada de duplo suícidio romântico. Encontraram-se num bar em Tóquio, e Togo, tinha ainda o pescoço envolvido numa ligadura branca, o que segundo ela lhe dava um ar irresisitível. Nessa noite, ele convidou-a para sua casa, nos subúrbios de Tokyo, para que pudessem falar mais à vontade. Acabaram nos braços um do outro, no futon onde, pouco tempo antes, tinha tido lugar o pacto de suícidio de Togo e Mitsuko, filha dum Almirante da Marinha Imperial, que se opunha ao romance entre os dois. Uno e Togo permaneceram juntos durante cinco anos.
Mas, muito antes disso, já sua terra natal, Iwakuni, o gosto de Uno por kimonos exuberantes e maquilhagem, além de despertar paixões, a forçava a renunciar ao cargo de professora.
Chiyo Uno, foi uma daquelas mulheres Japonesas, que encontrou coragem para deixar para trás uma rígida estrutura social, vivendo de acordo com as suas próprias regras. A época também lhe foi favorável. Os anos 20 no Japão, são os anos liberais do Período Taisho (1912-1926), em que, em Tokyo, "modern girls" (moga) e "modern boys" (mobo), elas de cabelo curto, eles de cabelo longo e óculos redondos, a imitar o actor Harold Lloyd, frequentavam as ruas e cafés de Ginza, discutindo autores ocidentais e literatura marxista, e dançando nos salões, com cigarros e cocktails, um pouco à imagem da Jazz Age Americana.
Uno viveu uma vida longa, como ela própria dizia: " Não tenho interesse em morrer, porque penso sempre que o amanhã pode trazer algo de excitante."
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