A ausência de simetria na arte Japonesa tem sido frequentemente comentada pelos críticos ocidentais. O equilibrio assimétrico, conhecido por hacho, é, a par das pinturas "one corner", da simplicidade, da humildade, da imperfeição, da transitoriedade e da economia de traços, uma característica da arte nipónica.
Podemos dizer que no Ocidente fomos culturalmente orientados por valores Helénicos radicalmente opostos: permanência, grandeza, perfeição e simetria. Autores como Okakura Kakuzo ou Daisetz T. Susuki, atribuem este pendor pela assimetria, à influência do Budismo Zen e do Taoísmo, ambos assentando numa filosofia dinâmica que valorizava mais o processo através do qual se procura a perfeição do que ela própria.
Bebendo o pensamento Zen, a arte Oriental, propositadamente, evitou o simétrico como uma expressão, não do completo, mas da repetição. E é facto que a assimetria com a sua ausência de fórmulas, dá ao artista um maior liberdade, permitindo composições mais criativas.
No "tea room" procura-se evitar a repetição simétrica nos diferentes objectos seleccionados. Se há uma flor num recipiente, não se deve usar uma pintura que contenha flores. Se se usa uma chaleira redonda, a jarra para a água deve ser angular. O queimador de incenso no tokonoma, não deve ser colocado ao centro.
Referências:
Zen and Japanese Culture, Daisetz T. Suzuki
The Japanese Art of Impermanence, Andrew Juniper
The Book of Tea, Okakura Kakuzo
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