No antigo Edo, os incêndios eram frequentes e muito facilitados, devido ao tipo de construções em madeira e aglomeradas. Dizem os historiadores, que os habitantes da cidade, tinham uma apreciação curiosa destas destruições, encontrando-lhes uma estética apelativa que os levou a alcunhar os fogos de "Edo no hana" (As flores do Edo). Talvez o mesmo sentimento tivesse inspirado Yukio Mishima quando escreveu a propósito dos bombardeamentos a Tóquio em 1945: " Os "raids" aéreos na distante metrópolis, a que eu assistia do abrigo no arsenal, eram belos. As chamas pareciam tomar todas as cores do arco-íris: era como observar ao longe, a luz duma enorme fogueira, num grande banquete de morte e destruição."
Yaoya Oshichi,, era filha dum vendedor de vegetais de Edo. A sua casa ficou destruída num grande incêndio em 1682, pelo que a família teve que procurar abrigo num templo. Durante a sua estadia, Oshichi apaixonou-se por um jovem monje. Na Primavera do ano seguinte, desesperada para voltar a ver o seu amado, deitou fogo à nova casa onde viviam, na esperança de que a família se refugiasse novamente no templo. Infelizmente, o fogo alastrou ás habitações vizinhas. Oshichi ainda mal tinha feito 15 anos, mas a lei era clara face á idade e culpabilidade. Tivesse o criminoso 14 anos ou menos, e a pena era o exílio numa ilha remota. Mas, atingidos ou ultrapassados os 15 anos, seria queimado em praça pública.
Muitas pessoas assistiram na rua, quando Oshichi foi levada, juntamente com outros criminosos. A sua beleza e modos destemidos valeram-lhe o estatuto de lenda popular, inspirando desde então, inúmeras peças de Kabuki.
O seu túmulo está localizado num Templo de Hakusan, Tóquio.
Imagem de Utagawa Kuniteru, 1867. Via Wikipedia.
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