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Depois disto, apesar do Banzai ainda não existir na altura, pesquisei alguma coisa na net. Fiquei a saber que não se tratava de ficção. No Japão medieval vigorava um sistema de castas e os burakumin ocupavam a posição mais baixa na hierarquia social. Tinham funções consideradas impuras: executavam criminosos, trabalhavam em couro ou eram açougueiros. Viviam em guetos especificos e não podiam frequentar determinados Templos. Sendo o sistema feudal hereditário, o estigma social do grupo perpetuava-se. E, por incrível que pareça, foi-se perpetuando até hoje. Uma discriminação assente em preconceitos religiosos. A sociedade Budista, aprendeu a comer carne, mas não a aceitar aqueles que a processam. Nos anos 80, uma lista negra de 600 páginas, contendo dados sobre comunidades de burakumin, circulou entre empresas e corporações. A lista teria sido mais tarde suprimida, mas o sistema de dados públicos no Japão é extensivo e muito completo.
Os burakumin são como fantasmas no Japão. Pura e simplesmente não existentes.Tentei perguntar o que eram a uma amiga Japonesa, que, revirou os olhos e me respondeu com o usual "eto" (é uma espécie de interjeição que não quer dizer absolutamente nada). Quando insisti, numa outra ocasião, remeteu-me para uma outra pessoa presente, que depois de muitos "etos" me respondeu: "Buraku are...sort of beggers."
As fotos são de Masaru Goto, da exposição "Nihonjin, Burakumin: Portraits of Japan's outcast people".
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