" A tradução pode na melhor das hipóteses, ser o lado contrário dum brocado, - todas as linhas lá estão, mas não a subtileza da cor e do desenho." Okakura Kakuzo
Aquilo que se designa por wabi-sabi, é um conceito Japonês misterioso e vago, que os Ocidentais tendem a ligar apenas a caracteristicas físicas, esquecendo a sua essência espiritual. Se nos focarmos apenas no lado físico do conceito, corremos o risco de ver apenas o avesso do brocado...
O wabi-sabi, ocupa no panteão dos valores estéticos Japoneses, a mesma posição que no Ocidente dedicamos aos ideais Gregos de beleza e perfeição. Mas, como diz Leonard Koren, é antes a beleza das coisas impermanentes e imperfeitas. Das coisas humildes e modestas. Uma beleza não convencional.
Intimamente ligado ao Budismo Zen, há quem lhe chame "o Zen das coisas". Sacerdotes, monjes e mestres do chá, adoptaram o wabi-sabi como um caminho de vida, pondo de lado tudo o que fosse dispensável, vivendo duma forma simples, aprendendo a aceitar o inevitável e a apreciar a ordem cósmica.
Numa tentativa de definição, Wabi significa pobreza, no sentido de desprendimento das possessões materiais, e também isolamento, coisas que o eremita e o ascético perseguem como fonte de riqueza espiritual. Wabi será, então, um trilho espiritual, que aplicado aos objectos e ás artes se torna - Sabi. Wabi-Sabi, diz respeito ás pequenas coisas escondidas, ao que é efémero, áquilo que pela sua subtileza e evanescência, é invisível a um olhar mais comum. Como na medicina homeopática, a essência do wabi-sabi, é dada em pequenas doses. À medida que a dose diminui, o efeito torna-se mais forte e profundo. Quanto mais as coisas se aproximarem duma quase não-existência, mais evocativas se tornam. O poeta Matsuo Bashô combinou melhor do que ninguém as palavras wabi e sabi numa frase.
"The old pond, ah!
A frog jumps in:
The water's sound!"
Experimentar uma vivência wabi-sabi, significa quebrar o ritmo da marcha, ser paciente - a Grandeza está nos detalhes menos contemplados. As coisas wabi-sabi são despretenciosas, incompletas, imperfeitas, assumindo a patine do tempo.
A simplicidade é o coração do wabi-sabi assumido na cerimónia do chá : arranje água, prepare o fogo, ferva a água, faça o chá e sirva-o a outros.
Alguns exemplos de coisas que podem ser consideradas wabi-sabi:
Humildade
Quietude
Modéstia
Os ciclos da Natureza
A geometria da Natureza
O imperfeito e o incompleto
Encontrar paz na mudança
A beleza intemporal
Viver o momento
Referências: The Book Of Tea, Okakura Kakuzo; Wabi-Sabi for Artists, Designers, Poets And Philosophers, Leonard Koren
11 comentários:
Ola,conheci seu blog hoje e amei obrigado pela visita .estou te seguindo .Um final de semana MARAVILHOSO pra você beijo Lu
Querida Lolipop!
Muito obrigada pela tua visita!
Estou agora de saída, e vim só deixar esta mensagem a agradecer e a dizer que logo mais tarde voltarei com mais tempo para conhecer o teu blogue. Grata pelo convite!
Também estou a apaixonar-me pela cultura japonesa, graças ao nosso querido Alexandre, mas, ao contrário de vocês, eu nunca visitei esse país encantador (a não ser através do blogue do Alexandre!).
Beijos, e até mais logo!!
Nota: Hoje fui almoçar ao restaurante japonês - não é engraçada esta sintonia?!
Oi, Margarida
Ah, eu estava precisando deste seu post. Te garanto.
Nós ocidentais, precisávamos muito de tudo isso da cultura oriental.
Quando você fala e com conhecimento sobre o WABI-SABI, nem que seja de pesquisa, fala muito bem. E te disse que precisava do teu post porque sou uma pessoa de pouca paciência e preciso praticar mais.
A simplicidade para nós é outra coisa. Não assume um círculo de concentração que nos purifica.
Esta aplicação na cerimônia do chá é realmente de dedicação, paciência.
Lindo o post.
Bjs no coração!
Nilce
Nossa! Muito legal esse post. Adorei!
Agradeço sua visita e por acompanhar meu blog. Seja sempre bem vinda!
Beijos na alma!
Olá,
através do comentário que deixou no blog casa claridade, cheguei ao seu blog.
Sempre admirei o Japão e a sua cultura mas ainda não tinha encontrado um blog sobre o Japão, que gosta-se.
Estou a adorar
Um abraço MikMary
Não sei de quem é a frase que diz: "Deus está nos detalhes". Existe tb um livro de uma escritora indiana chamado "O Deus das Pequenas Coisas". Wabi-Sabi me remeteu a isto. Gostei muito.
Bjkas e boa noite.
Margarida! Que post maravilhoso. Desperta a emoção, amei! Posso te dizer que vivo simplicidade. Bjos
é bastante difícil entender a estética wabi-sabi... e acho talvez que seja algo que varie de pessoa para pessoa. Um bom exercício espiritual tentar praticá-lo.
Maragarida, outro dia estava pensando sobre o seu nome, Margarida é uma das minhas flores prediletas, exatamente pela simplicidade de sua composição, branco e amarelo com miolo e pétalas de tamanho uniforme, não tem perfume, mas inúmeras delas em um vaso, alegra e enfeita qualquer ambiente. Já me disseram que o nome faz a pessoa ou vice-versa, então, este post sobre Wabi-Sabi me fez pensar ainda mais sobre isso, vc. foi devagarinho, devagarinho, conquistando seu espaço blogoesfera olha só como seus posts estão cheios de comentários, mas como também disse o arquiteto minimalista Mies van der Rohe,Menos é mais, penso que é importante termos a percepção de que as sutilezas e as simplicidades fazem as diferenças. Você, minha amiga, faz a diferença, assim como também as margaridas.
Os jardins japoneses são algo verdadeiramente fantástico :)
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