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domingo, 30 de agosto de 2009

DEREK HEARTFIELD


Tive a afortunada ideia de, numa visita rápida à KINOKUNYA, trazer um livro do MURAKAMI de que nunca tinha ouvido falar. KAZE NO UTA O KIKE, não, claro que não comprei o livrusko em Japonês, como diz o Will Fergusson, "...if God had wanted me to learn kanji He would have given me a bigger brain. ". Comprei-o em inglês, numa edição pocket book que, soube agora, não está á venda fora do Japão, com o título HEAR THE WIND SING. É o primeiro livro do MURAKAMI, publicado em 1979. São 130 páginas que correspondem a 18 dias na vida do narrador, um jovem estudante de férias na sua hometown. Mais uma colecção de vignettes, do que uma novela, e sem o realismo mágico de obras futuras, já tem mulheres enigmáticas, música, relações e perdas, temas recorrentes em MURAKAMI. Mas, e é sobre isto que quero falar, o narrador, cita desde o início como influência decisiva, um autor americano na zona do pulp fiction de seu nome DEREK HEARTFIELD. Localiza-o como contemporâneo de Hemingway e Fitzgerald, tendo-se suicidado em 1938, numa bonita manhã de Domingo, atirando-se do alto do Empire State Building, uma foto de Hitler na mão direita e um guarda-chuva na esquerda. Fala de histórias que ele teria escrito, considerando-o percursor de Ray Bradbury. E no final, de uma viagem que teria feito aos Estados Unidos, anos mais tarde, para visitar o túmulo de HEARTFIELD numa pequena cidade do Ohio, local que lhe teria sido indicado pelo único académico com estudos publicados sobre o desaparecido autor.
Escusado será dizer que o meu entusiasmo foi crescendo, e no final do livro, atirei-me ao Google em busca da dita personagem.
Pois, não existe, não escreveu histórias sobre marcianos, não tem um túmulo no Ohio, consideram-no uma ficção, uma joke de MURAKAMI...Bom, talvez um bigger brain, afinal, não fosse má ideia.

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