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domingo, 19 de julho de 2009

Blade Runner

Faltam poucos dias para estar outra vez em Tóquio. Com os sentidos atordoados pelo calor e um infalível jet lag, acordar para a noite de Shinjuku contemplada do alto dum vigésimo andar do Shinjuku Prince Hotel, um tão desejado Seven Stars aceso entre os dedos. O relógio, deve marcar três da manhã, lá fora a perder de vista, um gigantesco lego iluminado, um aglomerado de píxels, uma cidade de partículas que nunca assume uma forma única. Há uma fila interminável de taxis á espera que Kabuki-cho e Golden Gai decidam ir dormir. Mas ainda é cedo. Nas vielas estreitissimas de Golden Gai, Harrisson Ford pede ainda uma tigela de noodles, bebe o último sake antes de o virem buscar para perseguir mais um Nexus 6. Adivinho as luzes da Rainbow Bridge ainda iluminadas e o Rx-78-2, a deslocar-se pesadamente pela ponte, conduzido pelo jovem Skywalker, é nesta altura que talvez os olhos se fechem finalmente, a excitação vencida pelo sono e pelo cansaço. Sonho que cheguei ao Planeta Tóquio e que alguém me diz que vou precisar de mais do que um passaporte. Mas eu tenho um par de sapatos vermelhos, grito eu, são iguaizinhos aos da Dorothy, eu sei que isto já não é o Kansas. Aí, deixam-me aterrar a nave no Yoyogi, é Domingo e há muitas bandas a tocar.
No livro do William Gibson, Pattern Recognition, em que uma parte da história se passa em Tóquio, há uma personagem que explica o jet lag pelo facto das almas não poderem acompanhar a velocidade do avião. Ao corpo, que chega primeiro, cabe esperar pela alma, como esperamos por uma mala perdida, deixada para trás.
Neste caso, aconteceu o contrário, a minha alma decidiu partir antes, não a consegui impedir, está á minha espera. Durante poucos dias, sou só um corpo, que arruma malas, trata dos últimos detalhes e escreve no seu blog um último post antes da partida para férias.
JA MATA NE
SEE YOU

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