PEDAÇOS DE DESENHO

Tenho uma amiga, uma amiga que não pertence a este mundo virtual, uma artista que assinou uma xilogravura que já publiquei no Banzai. Aqui. A foto, mostra um outro trabalho seu em xilogravura, o que se vê em baixo, são pedaços de desenho que não couberam na matriz.

Mas eram, de algum modo, parte da sua criação. Por isso fez questão de os guardar com o maior carinho, de os expor, de zelar para que uma mão menos avisada não os varresse como lixo, e ficasse apenas a parte mais limpa do que as suas mãos foram escavando na madeira com afinco, com amor. Foi isto que me inspirou a escrever o post de hoje.

Desde que voltei de férias que intui, no pequeno mundo da blogosfera em que me movo, uma certa malaise, um vago sentimento de desconforto, de fadiga, de tristeza...qualquer coisa no ar que não conseguia explicar.

Demorei alguns dias a perceber donde me vinha essa sensação...havia algumas brechas na matriz a que me tinha acostumado. Amigos que se tinham afastado do blogue, por razões pessoais e expostas pelos próprios, outros que a tristeza ou as ocupações impediam de estar presentes, algumas nuvens cinzentas de agravos e desentendimentos, pequenos amuos.

Hoje, senti que se não falasse disso, era como se varresse esses pedaços que, de repente, ficaram de fora da matriz que escavei.

Por isso, dedico estas palavras a amigos ausentes, e que provavelmente nem as hão-de ler, como o FABIANO (já não consegui localizar o blogue dele), o FELIPE, ou o TALLES AZIGON. Dedico-as ao HAMILTON, que o trabalho e a tristeza pela perda de alguém que lhe era muito querido afastaram de nós. Á ÂNGELA que espero fique boa em breve. Á NILCE, que o meu dedo mindinho diz que não está bem.

 E á NÁ. Porque merece toda a nossa solidariedade.

São todos pedaços dum desenho. O meu desenho. 

FOTO E XILOGRAVURAS DE ELIZABETE AMARAL