No século XVI, SEN NO RIKYU (1522-91), transformou a cerimónia do chá, substituindo os requintados artifícios então em voga, por uma estética espartana onde ecoam as imperfeições do mundo natural. Uma história contada por OKAKURA KAKUZO no livro THE BOOK OF TEA , ilustra de forma perfeita o que doutra forma seria difícil de explicar.
Rikyu observava o seu filho, enquanto este limpava o pequeno jardim que antecedia a casa de chá. Quando ele deu a tarefa por terminada, disse-lhe que não estava suficientemente limpo e que seria preciso tentar novamente. Depois de uma hora a esforçar-se, o rapaz dirigiu-se ao pai:
"Pai, não há mais nada para ser feito. Os degraus foram esfregados três vezes, as lanternas de pedra e as árvores foram salpicadas com água, as ervas e musgos estão brilhantes. Nem uma folha eu deixei no chão. "
"Criança tonta! Não é essa a maneira como deve ser limpo um caminho num jardim!"
E avançando, abanou uma das árvores, espalhando ao longo do caminho algumas folhas douradas e vermelhas, pequenos fragmentos do brocado do Outono.
14 comentários:
Oyasuminasai sweet friend Margarida!
Adoro os teus textos! os ensinamentos que nos deixas.
Realmente um jardim imaculado limpo não é natural, nem tão belo quanto um que tenha tons de vida, mesmo que recém acabada.
Lembrou-me um dos meus primeiros quadros que "pintei" com gerânios.
Estava já acabado mas eu sentia-me insatisfeita.
Olhava-o com algum orgulho, mas sabia-o inacabado.
Cerca de um mês depois pintei-lhe umas pétalas das flores e uma folha, caídas sobre a mesa.
Só então ficou acabado!
Aqui verás a imagem do quadro -
http://naquintadorau.blogspot.com/2010/04/vida-no-campo.html, bem como algumas imagens do jardim da casa do Rau, a minha casa.
Love and a huge hug.
I'm feeling a bit nostalgic today, I winder why?
Ná
Que maravilha de texto...
Creio que as folhas caídas são as marcas do tempo no caminho... assim como em nossas vidas!!! Não há motivos para removê-las, de uma certa forma, eis o que embelezou os nossos dias... as nossas marcas.
Bjoossss grandesss,
Mi
É verdade, o mais perfeito é o que é natural ou se aproxima do mesmo.
Beijos na alma!
Holla Margarida de campos meus,girassois todos meus tristes e quase murchos estão ,diante da ausencia de sol teu,volta Mag,please!
Lindo texto,exalando cultura e sensibilidade!
bzuz girassolicos em alma viva tua
viva la vida
Oi Margarida,
estou melhor sim querida assim como o menino do seu post preciso aprender que as folhas do jardim não podem nem precisão estar arrumadas e perfeitas,amei sua visita.
O Naruto tá uma graça e a Sophia tá com ciumes você acredita que esses ela quis couve flor tambem rsrs.
nunca tinha visto uma cachorra comer couve flor.
Beujo Lu
Sinto-me aqui como o filho de Rikyu, aprendendo com seu pai... Escapam-me as mensagens sublimes de uma cultura que desconheço. Com a minha insistência, por aqui, irei aprendendo consigo como se trilha um caminho para uma cerimónia de chá...
Hoje, deixo-lhe uma vénia
(com uma leve inclinação de cabeça)
Oi Margarida,
Seu conto é muito lindo, pois folhas de um jardim devem ser afastadas jamais retiradas.
Bjkas e uma ótima quinta-feira para vc
Oi, Margarida
É, a limpeza deve vir do topo.
Muito bom!
Eu eutou muito bem, querida. O problema por aqui é o frrrio, mesmo. Não dá coragem pra nada.
Vou te dando notícias. Obrigada pelo carinho de sempre.
Bjs no coração!
Nilce
Adorei o texto querida!
Nem tudo deve ser retirado, pois faz parte da paisagem.
Que vc tenha uma bela quinta-feira!
Bjs carinhosos
Posso até demorar, mas não permito-me falhar...
O ensinamento mais belo que se pode dar é este, deixando claro que beleza alguma é maior que a natureza nos dá.
Como sempre e sem cansar de dizer, suas postagens são maravilhosas...
Adorei o ensinamento, e a forma como o aprendiz assim o aprendeu!!
Beijos linda!
Margarida a ilustração desse maravilhoso texto é uma das cartas do meu I Chang
Boa tarde amiga margarida! Estou lendo seu blog ao som de 'Alice' da Avril, acho que você gosta ?!
Percebi que seus textos sempre mostram algum ensinamento, nos faz refletir, isso é bom.
Fico admirado como que o povo oriental é sábio, pouca marginalidade, lugares limpos e lindos, modernizados mais nunca se esquecem de suas raízes, os festivais ao longo do ano me encanta, sair arrumadinho com um kimono para tomar sorvete debaixo de arvores de sakura, muito lindo, a forma como que a maioria respeita a natureza!
Termino este comentario ao som de 'Island in the sun' de Weezer, vou ver os outros post, bj
Loli querida,
será que posso comparar com a minha casa bagunçada? rsssss
não suja, mas cheia de livros por todo canto, papéis, objetos fora do lugar...
eu vejo como uma casa VIVIDA! pq organizo mas tá sempre desorganizada..rsss
bjão
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