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quarta-feira, 23 de junho de 2010

AS ÁGUAS DO RIO D'UJI

Once upon a time...havia na localidade de Uji, duas famílias abastadas, Fukumoto e Yamaguchi, que possuiam as mais belas culturas de chá da região. Os Fukumoto juravam que o seu chá era o melhor de todo o Império, e os Yamaguchi diziam do seu a mesma coisa... O casal Fukumoto tinha uma filha única, O-Hana. Os Yamaguchi um filho único, Naotarô. O-Hana era uma dessas japonezinhas de vulto em miniatura, esguio e ondulante, um rosto pálido, sobrancelhas finas e a boca rubra lembrando uma cereja... Tudo isso enquadrado por um penteado colossal, como se uma enorme borboleta de azeviche, lhe tivesse pousado, de asas abertas sobre a nuca.
O-Hana e Naotarô amaram-se. Não se sabe porquê. Quando essa inclinação foi conhecida, as duas famílias irromperam em não dissimulados azedumes. O casamento era impossível. Que O-Hana e Naotarô se casassem, entendia-se; era esse mesmo o seu dever, de perpetuar pela prole os nomes dos avós; mas confiassem no bom tacto dos pais, que saberiam escolher-lhes noivos do seu agrado e em condições de não virem a perturbar a paz das famílias e ferir o nome das tradições.
Muito bem. Quando os dois namorados se convenceram da impossibilidade de viverem um para o outro, tiveram certa noite uma furtiva entrevista à beira do rio Ujigawa. Deram-se as mãos, parece; sorriram-se um para o outro; não se sabe o que segredaram entre si, porque ninguém estava ali para os ouvir...
Quando ao romper do dia, as moças de Uji seguiam para a apanha do chá, pararam de repente junto ao rio, cheias de espanto, de pavor, vendo a boiar dois corpos entre os juncos. Rigidos, lívidos, porém sorrindo ainda e dando-se as mãos...
Nestas águas do rio d'Uji,
- Tão milagrosas que são!-
Lavam-se todos os males
De que sofre o coração...

Fonte: Wenceslau de Moraes, O Culto Do Chá
Fotos Via Flickr

9 comentários:

Nilce disse...

Oi, Margarida

Mais uma vez obrigada pelos e-mails, abraços, carinhos e tudo que me dedicas.

Linda história! Melhor ainda é a lenda ter valorizado as águas do rio. Amo tudo isso.

Bjs no coração!

Nilce

"(H²K) 久保 - Hamilton H. Kubo" disse...

Margarida, uma história linda e triste.
Mas que nos leva a acreditar ainda mais no amor.
Mesmo ali sem vida, os rostos continuaram a esboçar um leve sorriso e as mãos assim ficaram, sempre juntas por toda a eternidade.

Linda postagem.

Beijos!

P.S - Tem MEME lá em "Profundo Pensar" veja por Presente-Meme.

Beijos de novo... hehehe

Denise disse...

Olá bela flor!
Adorei a história, apesar de triste a força do amor os uniram para sempre.
Bjs ótima quinta!

Michelle Lynn disse...

Olá Margarida!
Linda a história!
O amor sempre vence... de uma forma ou de outra... sempre...
Um abraço enorme!!!

Pedro Ferreira disse...

Ola mais uma vez Margarida!!
Realmente como o Flipe Nasca mencionou, a Historia faz relembrar o Romeu e a Julieta não e?!
A mensagem é linda e a maneira como a publicaste esta exelente, parabens!!
Bjs e cumprimentos a todos os Blogistas que por aqui te visitem!!
Ate Breve,
Pedro F.

Talles Azigon disse...

Minha cara você conseguiu arrancar de mim um lágrima de emoção, que lindo poema, que linda estória, como amo as imagens das terras orientais e seu amores e sua calma e sua paciência

abraços

Betty Gaeta disse...

Oi Margarida,
Que história linda! Me lembro "Romeu e Julieta".
Bjkas e um ótimo dia para vc.

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Hello sweet Margarida!
Konnichiwa!

Li este teu conto maravilhoso, escrito desta uma forma soberba ... como sempre o fazes, ao telefone e em voz alta, para uma amiga muito especial, muito mesmo e ambas ficamos fascinadas...
Ela aparecerá por cá, estou certa!

Esta não é mais uma história de amor que acaba em tragédia mas sim a história.

Como sou uma eterna romântica e uma "lamechas", chorei "bada e ranho"!

Huge Hug

Cammy disse...

Oi Loli!!!
Que tristeee, coitadinhos, eles deveriam ter fujido juntos para fora do pais...rsrs!
Um BJAOOOO!

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